Seguem algumas ideias aleatórias e viajantes para projetos de formatura do LAC.
- Bancos centrais fazem controle “single loop” da economia – a entrada de controle é a taxa de juros, a saída medida é a inflação. A grosso modo – o Fed por exemplo tém um mandato para controlar o desemprego, há outros instrumentos monetários além da taxa, e há outras sofisticações que podem ser ignoradas numa 1a aproximação.
Pergunta: quais as ações de controle utilizadas habitualmente? Proporcional, integral, derivativo? Alguma espécie de feedforward, internal model control, ou controle preditivo? Ações não-lineares, ou outras? Até onde sei, essa linha de raciocínio não é bem explorada, e palpito que seria frutífero pensar no problema com o ponto de vista de controle de processos. Não há referências disponíveis. - Análise temporal da desigualdade de renda no Brasil. Vi o seguinte artigo, não examinei com cuidado. A proposta é fazer a análise de séries temporais como se deve, o que é diferente do modo como economistas fazem.
http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rbe/article/view/75062?fbclid=IwAR15mzj2I_d49tPZkiJNCU7cPhh8o4M4-xNe01OToNzQlLOn05e6EpJ_UDo - A questão da ergodicidade em economia. O artigo abaixo parece interessante. Estudar o artigo e referências relevantes, e escrever um ensaio sobre os conteúdos, seria um excelente aprendizado e projeto. Acrescentar algo novo, embora não impossível, seria além do esperado ou necessário para um projeto de formatura.
https://www.nature.com/articles/s41567-019-0732-0.pdf - Criar rotas melhores para ônibus usando algoritmos. O pessoal de otimização do MIT acha que dá para melhorar o estado da arte. Eu acho que dá para melhorar mais ainda. É de interesse a otimização em tempo real de serviços de vans como o Via – é engenharia de verdade, não essas porcarias de homens de negócios psicopatas desprovidos de moral ou capacitação técnica, como Uber.
https://mitsloan.mit.edu/ideas-made-to-matter/creating-better-bus-routes-algorithms?utm_campaign=schoolbus2&utm_medium=social&utm_source=mitsloantwitter - Modelos matemáticos sobre radicalização no YouTube. O brilhante Arvind Narayanan @random_walker disse que não conseguiu fazer, portanto o que for feito é original. Leiam a thread que começa no tweet abaixo. Arvind aponta corretamente que os autores do artigo que “nem errado está” consideraram os algoritmos do YouTube em malha aberta; possivelmente o pessoal que formula os algoritmos também. Meu ponto de vista: é uma questão de realimentação – e de realimentação adaptativa no caso dos agentes interessados em radicalizar usando clickbait. Motivação para trabalhar nesse problema: é aberto, não resolvido; de interesse atual; e a intuição da engenharia de controle pode ser crucial. O lado negativo é que uma resolução completamente satisfatória parece ser além do possível em 1 ano de trabalho, mas no LAC não somos engenheiros pusilânimes que nos deixaríamos desencorajar por um mero obstáculo instransponível.
https://twitter.com/random_walker/status/1211262124724510721
O artigo em resposta ao qual ele escreveu a thread, além da versão no arXiv, tem uma versão “popular” no Medium, que está correndo as redes sociais. Numa 1a leitura julguei que é quase uma trollagem, o link para quem quiser conferir é https://medium.com/@markoledwich/youtube-radicalization-an-authoritative-saucy-story-28f73953ed17 - Inteligência artificial que joga truco. Programas de computador venceram os mais fortes jogadores humanos de xadrez nos anos 1990; de damas em 2007; de Go em 2016; e de poker texano em 2019 (Artificial intelligence masters multiplayer poker. https://science.sciencemag.org/content/366/6472/1436). Mas – a dupla de truco “Guaxupé e Uberaba” continua imbatível. Proposta: usar as modernas técnicas de inteligência artificial para desenvolver um programa de computador que joga truco.
- Proibir estacionamento nas ruas é suficiente para resolver o problema do transporte em S Paulo? O espaço dedicado para estacionamento de carros é subtraído de pedestres, ciclistas, serviços urbanos em geral inclusive comércio e entretenimento, além de transporte público e motorizado. Além de ser insubstituível numa cidade lotada, esse espaço tem um custo alto para o município, sendo um subsídio pago pelos não usuários de transporte individual para os proprietários de carro particular. Exigir que estes últimos arquem com os custos de estacionar o carro libera milhares de kilômetros de ruas para finalidades mais nobres, desincentivando o uso do carro particular e melhorando a mobilidade e a qualidade de vida. O projeto consiste em pesquisar, fazer as contas, e verificar se funciona.
Links relevantes do NYTimes: https://www.nytimes.com/2020/07/09/arts/bike-bridges-new-york.html?searchResultPosition=6
https://www.nytimes.com/2020/07/09/opinion/sunday/ban-cars-manhattan-cities.html?campaign_id=2&emc=edit_th_20200712&instance_id=20246&nl=todaysheadlines®i_id=353198&segment_id=33201&user_id=1e902c3b913ebf84b7f33fa1b7b35e93 - Máquina de fazer acarajé. A parte mais laboriosa do preparo do acarajé é descascar o feijão-fradinho (blakc-eyed pea para quem quiser buscar também em inglês). Quem já fez sabe como é trabalhoso, e consome muita água. Quem já comeu sabe que é um excelente opção alimentar, existindo também a versão cozida no vapor, o abará, em vez de frita. Uma máquina de descascar feijão-fradinho poderia facilitar muito o trabalho das baianas e empreendedoras do ramo da comida brasileira em geral. Diria que teria um mercado pronto e faria uma contribuição social relevante. Imagino que o método ideal envolveria centrifugação, e poderia ser operado com máquinas simples e baratas.
- Modelo geoespacial do império português. A inspiração para esse projeto é o site ORBIS: The Stanford Geospatial Network Model of the Roman World.
A ferramenta serve para gerar mapas de distâncias entre as províncias do império romano. O objetivo do projeto é fazer um modelo análogo para o mundo na época das navegações. Pode ser seja razoável restringir-se ao império português e talvez também ao espanhol no século XVII – seria difícil separar os impérios ibéricos nessa época, durante a qual as informações necessárias estão mais facilmente disponíveis do que nos séculos anteriores.
Os mapas servem para visualizar o comércio e as ligações entre pontos distantes dos impérios, usando “big data” para compreender a história. Perguntas típicas: as cidades litorâneas do Brasil estavam mais próximas em dias de viagem à metrópole portuguesa, ao interior do Brasil, ou à África? Como era a conexão entre as regiões que formavam o Brasil, a saber, o Estado do Brasil e o Estado do Maranhão e Grão Pará? Qual a influência da Volta do Mar na viagem de Cabral?
Adicionalmente, algumas das propostas antigas ainda podem ser do interesse dos alunos desse ano. Não atualizei listas de propostas nos últimos 2 ou 3 anos – quem quiser procurar, por favor peça ajuda ao Google ou preferencialmente ao DuckDuckGo; ou me perguntem por email. Dessas antigas, algumas ainda não foram exploradas, outras tiveram resultados parciais. Outras ainda já foram feitas, e da minha parte tenho menos entusiasmo – os interessados naqueles caminhos precisariam ter abordagens novas. Muitas se encaixam na categoria “em qualquer outro lugar seria tema de doutorado”. Boa diversão!
Na medida em que vá pescando ideias novas, acrescento nessa lista. São temas para começar e inspirar discussão, não propostas fechadas. Comentários do tipo “achei a proposta n besteira/inexequível/desinteressante, mas gostaria de trabalhar em outra direção” são bem vindos.
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