Ataque de zumbis

O artigo “Por que cortar gastos não é a solução para o Brasil ter crescimento vigoroso?” teria mais credibilidade se essa turma de acadêmicos não estivesse há anos dizendo que os gastos públicos devem aumentar sempre em quaisquer condições. E também se eles não citassem a autoridade do Paul Krugman para atacar o culto da austeridade fiscal, esquecendo de citar que o Krugman considera a Modern Monetary Theory um disparate igual na direção oposta. MMT, a teoria moderna que eles citam mas evitam nomear, é a teoria que afirma que o governo deve gastar mais e mais sempre e sempre, como quem bebe pinga de moringa.

Vamos para as previsões: o governo Broxonaro, que aparenta acreditar no austericídio, vai se converter à crença oposta – gastar como se não houvesse amanhã, gerando déficits desastrosos. Isso vai acontecer ou 1) quando o Guedes conseguir a única coisa que ele quer: transferir fundos enormes do tesouro para a administração privada, a pretexto de mudar a previdência para o sistema de capitalização, gerando um déficit do tamanho de toda a previdência; ou 2) quando ele desistir e for defenestrado, forçando o governo a procurar algum outro tipo de mágica.

Como sabemos? É só olhar para os republicanos nos EUA, que representam o papel de adeptos da “responsabilidade fiscal” quando estão na oposição, e criam desquilíbrios enormes sempre que estão no governo – o pior de todos agora com Trump. A dúvida é: quantos dos apoiadores do governo vão imediatamente mudar de opinião e ficar a favor da gastança? Quantos economistas campineiros vão mudar de lado e virarem defensores do broxonarismo? Palpites: todos, e quase todos.