Quem estava certo?

Na eleição estavam em discussão 2 visões do Brasil. Segundo o PT, o governo da Dilma está fazendo tudo certo. Segundo a oposição, as coisas não vão bem.

Não é um resultado de todo mau a vitória da situação. Se seu entendimento estiver correto, a oposição vai observar o continuado sucesso e terá que rever suas ideias. Senão, os erros na condução do governo ficarão claros ao longo dos próximos anos, dando uma oportunidade para o eleitor rever sua decisão.

Acredito na 2a hipótese, mas a certeza precisa esperar. A preocupação principal deve ser a defesa das instituições democráticas, que saem fortalecidas de mais um teste mas nunca se sabe…. o preço da liberdade é a eterna vigilância.

Consórcio de gillette usada

Uma dica para o contribuinte sofredor que já está se preparando para mais 4 anos de impostos sem retorno: é fácil afiar barbeador numa calça jeans velha. Deslize pelo reles brim americano algumas vezes, na direção contrária do corte. As lâminas ficam alinhadas e o barbeador volta a cortar mais suavemente, como novo.

Para barbudos como eu a economia não é grande, mas sempre ajuda. Quem não guarda calça velha, não se programou bem para continuar gastando 40% de sua renda com impostos, deve estar ganhando mais do que merece mesmo.

Divulgação de pesquisa ilegal com metodologia discutível

Vou divulgar aqui os resultados de uma pesquisa flagrantemente ilegal, não registrada no TSE, que usou metodologia discutível, ouvindo as opiniões dos antigos presidentes e governantes do Brasil.

Votos para Dilma:  Dilma, Lula, Collor, Sarney, Geisel, Jango, Jânio, Getúlio, Dutra, Getúlio (votou 2 vezes), Nilo Peçanha, Deodoro, Pedro I.

Votos para Aécio: Fernando Henrique, Tancredo, Castelo Branco, Juscelino, Washington Luís, Epitácio Pessoa, Venceslau Brás, Afonso Pena, Rodrigues Alves, Campos Sales, Prudente de Morais, Pedro II, Feijó, Nassau.

Indecisos: Itamar, Figueiredo, Café Filho.

Nulos: Médici, Costa e Silva, Arthur Bernardes, Marechal Hermes, Floriano.

13 votos para Dilma, 14 para Aécio, 3 em branco e 5 nulos. A margem de erro é uns 2 ou 3 que poderiam mudar de ideia se estivessem vivos (duvido). A possibilidade de fraude é 1 ou 2.

Não foram consultados interinos, membros de juntas, ou intermediários do poder colonial. A metodologia foi baseada na consulta à Wikipedia e não na consulta mediúnica.

Corrupção no Brasil aumentou?

Tem quem diga que durante o governo do PT a corrupção subiu a níveis antes inimagináveis. Há também quem sustente que nunca se investigou tanto, portanto a corrupção diminuiu muito.

Minha opinião é mais modesta. A roubalheira, depois de um arrefecimento durante o governo tucano, voltou aos padrões históricos, da época em que no governo tínhamos Delfim, Sarney, Maluf, Collor…… É a hipótese mais coerente com o fato de que todos eles apoiam o governo atual.

Como a imprensa é livre, e as polícias e tribunais mais profissionais, sabemos do que acontece com mais presteza. Isso explica a impressão de que nunca vimos tanta ladroeira. Adicionalmente, os corruptos do PT não contam com a simpatia automática dos corruptos tradicionais, e ficam mais expostos a delações e vazamentos. Azar deles, que poderiam ter se defendido pró-ativamente escolhendo o caminho da honestidade, caminho este que pelo menos um petista sabe encontrar. De fato nunca ficamos sabendo da corrupção com tanta certeza como sabemos agora.

Desaprender as bobagens que ensinam nas escolas, demora 30 anos de muito estudo

Pergunta de época de eleição: Como é possível que o País funcione, considerando as opiniões sobre política? Porque funcionar, funciona; e não tão mal assim.

Acho que resolvi a charada: desaprender as bobagens que ensinam nas escolas, demora 30 anos de muito estudo.

Quem escreve nos çáites e comenta nas mídias em geral tem colegial e curso superior completos. Então realmente precisa dos 30 anos inteirinhos. Só que, quem tem mais de 2 quatorzenas de anos para ficar estudando? Entre os profissionais, médicos, advogados, engenheiros, cheios de obrigações, poucos. Certamente não os professores universitários – têm que ir em reunião, fazer greve, imprimir paper…. quando foi a última vez que você viu um professor estudando na biblioteca? Por isso prefiro viver numa sociedade governada por 6 mil nomes escolhidos à esmo do que pelos 6 mil professores da USP. Ah, e já que você vai me xingar de reacionário por causa dessa frase, se souber de onde vem, extremismo na defesa da liberdade não é vício. Pode xingar.

De alguma forma, só dizem besteira. E o povo, que não fez colégio nem faculdade, acaba votando acertado. Apesar de esforços em contrário por parte dos políticos bacharéis, ocupados demais para desaprenderem tudo que têm para desaprender.

Receio o que vai acontecer no País com a universalização dos estudos médio e superior. É bom ficar atento. O preço da liberdade é a eterna vigilância.

Debate entre os candidatos

O debate foi bom. É importante saber como um futuro governante lida com a pressão e como convive com os inevitáveis erros, próprios e de seus aliados. A articulação das frases e a linguagem facial numa situação tensa ajudam a avaliar a preparação para governar.

Aécio se saiu bem. Dilma se perdeu. Repetia acusações depois de Aécio rebater, parecia estar jogando slogans para os partidários repetirem.

O desempenho da presidente foi o ponto negativo. Indica que os problemas – inevitáveis na política, e agravados por erros do PT – são maiores do que a capacidade que ela tem de corrigir, reprogramar, e contemporizar. A parte das acusações mútuas pode não ser agradável, pode até ter sido excessiva, mas a corrupção e o desrespeito à lei são temas importantes para o eleitor. Certamente mais importantes do que exposições acadêmicas de programas e ideologias de governo que nem no brasileiro com formação de bacharel eu identifico o conhecimento e inclinação para avaliar com correição.

Quem acha que o debate foi ruim está fazendo um raciocínio pseudo-sofisticado. Queriam que os debatedores fossem didáticos como um professor que explica a matéria que cai na prova. Vá conferir: é crítica de quem aprendeu a matéria do colégio, passou no vestibular, e acha que isso dá o direito de achar que sabe todas as respostas. Em inglês se diz que as críticas são “sophomoric”.

(Assisti via internet, enquanto arrumava uns arquivos no computador, perdi uns pedaços quando o streaming da UOL falhou. Foi melhor que ficar parado no trânsito, que depois do debate estava mais ameno. É a vantagem de ser professor e funcionário do estado, não ter hora para ir nem para vir.)

Em defesa da Dilma

Depois que perder a eleição o PT vai soltar os cachorros em cima da presidente, então é bom fazer uma defesa preventiva. Não foi um governo de todo ruim – o país continua numa situação razoável e sem grandes conflitos internos. Para começar, o executivo não criou sozinho os esquemas de corrupção que estão sendo revelados agora, como o da Petrobrás; e se não conseguiu bloquear a corrupção, como muitos deveriam mas também não conseguem, também não impediu as investigações.

O governo aplicou as políticas econômicas que acha recomendáveis, e que têm apoio de muitos economistas, industriais, e populares. É para isso que foi eleito. Minha opinião é que são incorretas. Faz parte da democracia discordar e votar contra.

Dilma invariavelmente defendeu as liberdades democráticas contra as pressões, majoritárias na esquerda, contrárias à liberdade de expressão e às eleições livres e diretas. Nisso segue o precedente do Lula em manter o PT, enquanto governo, como defensor da democracia. Em questões sociais não houve movimentação, pois em si elas não despertam maior atenção de qualquer partido. O interesse das esquerdas se encerra no aparelhamento dos assim-chamados movimentos sociais.

É nos assuntos internacionais que Dilma foi pior, provavelmente por falta de afinidade com o tema, dando espaço para o eixo Garcia-Amorim-Guimarães. Desviou da tradição brasileira de neutralidade, se afundando numa política neo-geiseliana de tiranofilia anti-americana ou ao menos tolerância com o obscurantismo racista. Mas mesmo aí não se pode dizer que tomou atitudes extremadas ou com consequências diplomaticamente irreversíveis. O mundo todo entende que o Brasil é um país bom, capaz de corrigir os erros de seus políticos. E de qualquer forma a população se interessa por política externa ainda menos que a presidente, então os deslizes não têm efeito eleitoral.

Dilma vai perder as eleições porque apareceu um candidato melhor, com propostas que o eleitor achou mais corretas. É o jogo democrático. Não merece a critica feroz, de caráter essencialmente liberticida, que virá dos antigos aliados quando resolverem procurar um culpado pela derrota deles.

Aviso aos usuários de redes sociais

Para quem ainda não percebeu: a eleição acabou. O cidadão, em sua sabedoria, já decidiu o voto com base nos fatos que se lhe apresentaram. Aviso aos usuários de redes sociais: a hora da propaganda negativa, que de qualquer forma não foi muito eficaz nessa campanha, acabou.

Podem especular sobre as maravilhas do próximo governo, elogiar os pendores artísticos a serem desenvolvidos por futuros ex-políticos, voltar a botar foto de gato, ou então aproveitar essa excelente oportunidade para ficar de boca fechada. Posts falando mal de um ou outro candidato, e especialmente dando chute em cachorro morto, são despropositados, de mau gosto, e sujeitam o autor ao block e unfriend.

Para entender: impostos federais

O governo federal arrecada 770 mil contos de réis por ano em impostos, dos quais 320 mil contos, uns 40%, no estado de S Paulo. No Rio de Janeiro o governo arrecada metade do que em S Paulo; em Brasília metade do que no Rio; em Minas, Paraná, Rio Grande do Sul, e S Catarina cada um metade do que em Brasília, mais ou menos. Os outros 20 estados pagam os 10% que faltam.

Do total arrecadado a União transfere 300 mil contos para estados e municípios, e gasta o resto diretamente. Quase ⅔ das transferências são constitucionais, gastas na administração pública local. Saúde, educação, e bolsas são o outro ⅓, e há dezenas de programas que recebem menos de mil contos cada. Recebem mais em transferência do que pagam em impostos 17 estados. Pagam mais do que recebem em transferências Goiás, Amazonas, e Espírito Santo, além do nomeados acima. Menos de 10% dos impostos arrecadados em S Paulo voltam para o Estado na forma de transferências. Números do ano 2013.

Os 320 mil contos pagos por S Paulo superam o total de transferências para estados e municípios. O contribuinte de estados que arrecadam mais do que recebem tem certa razão em achar que os benefícios que recebe da União são pequenos em relação ao valor dos impostos pagos.

Condução na USP

Hoje e ontem tentei pegar o circular da USP, no ponto próximo ao portão de pedestres da estação de trem, por volta das 8 horas. Foi impossível. O ônibus fica tão cheio que não dá para entrar. Os embarque dos poucos que conseguem encontrar lugar demora, atrasa o ônibus, e assim o problema piora. Acabei indo uma vez a pé e outra de carona com aluno.

A observação crucial é que os ônibus viajam vazios na maior parte do trajeto. O motivo é o desenho inadequado das linhas. Os erros são óbvios e já foram indicados nesse blog há mais de 2 anos.

Existem problemas na USP que são difíceis de resolver: exigem dinheiro, trabalho, mudança de atitudes, ou mudanças nas organizações. O problema de transporte não é um desses: basta corrigir os erros no trajeto. Um trajeto adequado economizaria dinheiro, porque os ônibus não andariam vazios na maior parte do trajeto. Se não for feito é por completa incompetência e indolência da prefeitura da cidade universitária e da Sptrans, que são responsáveis pelo transporte coletivo dentro do campus. E pela passividade e desinteresse das organizações de alunos, funcionários, e professores, que preferem gastar seu tempo em defesa de causas que não guardam qualquer relação com a qualidade de vida dentro do campus do que fazer algo que possa fugir do ritmo “quanto pior melhor”.