2009, Obama discursa no Cairo….

2009, Obama discursa no Cairo.
2010, ditaduras árabes mais moderadas e próximas aos Estados Unidos começam a cair, pacificamente. A limitada violência se deve à pressão da diplomacia americana; deixados sozinhos, não sei como os exércitos do Egito ou da Tunísia teriam reagido.
2011, as ditaduras mais extremistas começam a cair, violentamente. Quanto menos os Estados Unidos consegue intervir, maior a violência.
2012, conflitos nos países onde a influência americana é mínima.

Vários pontos poderiam ser questionados: onde a oposição interna é menos eficaz, as ditaduras continuam fortes; nem discursos nem diplomacia nem força resolvem todos os problemas; o fato anterior não é necessariamente causa do posterior.

Mas o presidente recebe crédito pelos bons resultados, como receberia culpa dos maus. Faz parte do cargo. Obama já fez por merecer o Nobel da paz, a posteriori.

Quem concorre a prefeito de S Paulo?

Minha impressão é que os jornais estão cobrindo a disputa entre Psdb e PT, enquanto as pesquisas indicam que os eleitores estão entre Serra e Russomano. Descartando a teoria chauísta de que a matemática está errada porque favorece as estruturas de poder dominantes, há 3 possibilidades. Uma é que por causa de minha simpatias e antipatias não presto atenção a notícias sobre os demais candidatos. Meu erro de leitura.

A 2a possibilidade é que o jornalista sabe que o eleitor, atualmente desinformado, ao longo da campanha vai prestar mais atenção aos candidatos dos partidos mais significativos. O povo é que está respondendo as pesquisas de opinião de modo enganoso.

Finalmente, pode ser que o povo realmente decida votar nos nomes que conhece, sejam do bem ou do mal, do noticiário político ou das páginas policiais. Para tal eleitor o currículo do ex-ministro da educação não conta muito, como não conta o de ex-ministro da Saúde. O que conta é que Serra é famoso porque já concorreu em outras eleições. Nesse caso, leitura correta do Psdb, que lançou Serra como candidato. Melhor para S Paulo e para o partido teria sido um candidato novo, trazendo o debate para propostas novas, mas o eleitor não quer ouvir. A leitura errada seria a dos jornais, e do Lula que escolheu o Haddad como candidato.

Me chamem de elitista, torço para a possibilidade número 2. Fica também a pergunta se Serra e Haddad apoiariam um ao outro em um 2o turno contra o candidato da bandidagem.

Serra e Haddad

Típicos paulistanos de famílias imigrantes mediterrâneas, trabalharam no comércio da família – quitanda no mercado da Cantareira e tecidos na 25 de Março. Estudaram nas escolas tradicionais da Usp – Poli e Direito – depois foram para as ciências humanas. Escreveram teses de doutorado em economia de esquerda nas quais ninguém fora da academia acredita muito – são teses autênticas apesar do que os wingnuts dizem. Palmeirense e sãopaulino, levados a Brasília por corintianos, foram os melhores ministros nos cargos mais importantes – saúde e educação, justamente aqueles de menos interesse para a mídia e para os políticos corruptos. Até comício de bicicleta os dois fazem no mesmo fim de semana!

A diferença é duas quadras e uma geração. Serra estudou em escola pública e fugiu da ditadura militar. No tempo da Haddad a escola pública tinha piorado, mas a repressão tinha ficado mais branda. Se falarem mal um do outro, vão fazer papelão.

Sim, os leitores desse blog poderiam fazer um serviço melhor que qualquer um deles, se tivessem a habilidade política necessária.

iPad tropicalizado.

Conforme previsto pela teoria econômica e nesse blog, repetidas vezeso iPad montado no Brasil chega às lojas com incentivos de quase 30%, sem redução do preço, e sem tecnologia nacional nenhuma. A montagem dos tablets envolve uma fração irrisória do processo produtivo, justamente aqueles 2% que não geram empregos relacionados à tecnologia.

O incentivo fiscal quem paga é você, através de maiores impostos nos produtos não contemplados com os favores da burocra do protecionismo. Desculpe a redundância, mas até que percebam que subsidiar industriais picaretas não traz nada de bom para o país, vou continuar insistindo.

Paraguay, Venezuela, Mercosul, e pragmatismo

Mercosul, Paraguay e Venezuela estão fora da minha piscininha. Mas já que os especialistas estão escrevendo bobagem, vou adicionar as minhas.

A deposição do presidente eleito do Paraguay foi assim tão diferente do impeachment do Collor? Não me parece, apesar de que o procedimento foi meio estranho e apressado. No Brasil, serviu pelo menos para reafirmar que tem gente que é contra o estado de direito. O bom da democracia é que sabemos quem eles são.

O Itamaraty usou o evento para trazer a Venezuela para o Mercosul pela porta dos fundos, como queria a Argentina. Foi uma espécie de golpe diplomático, que até certo ponto justifica a posteriori o comportamento do parlamento paraguayo. Sabe-se lá o que os pinguins venezuelanos estariam aprontando no Paraguay.

De um ponto de vista pragmático, trazer a Venezuela para o Mercosul faria algum sentido. Quem entra é a Venezuela, não o atual presidente, como escrevem os que gostam de escrever o óbvio. Faltou talvez explicar isso melhor para venezuelanos e paraguayos. Por outro lado, como escreve o embaixador Celso Lafer, a decisão do Mercosul foi de má fé, por não incluir o Paraguay, qualquer que seja a interpretação legalista da suspensão. Um acordo presume a boa fé das partes, senão dá errado. De qualquer modo não vai fazer diferença porque para todos os efeitos a Argentina já acabou com o Mercosul há anos.

O problema é que pragmatismo é bom na teoria mas não funciona na prática. Pronto, agora vocês sabem que esse post era só uma desculpa para citar Sidney Morgenbesser, o John Dewey Professor of Philosophy da Columbia University, o maior filósofo americano do século 20 e um dos mais importantes do Lower East Side.

The Cold War’s Arab Spring

O artigo The Cold War’s Arab Spring acerta a análise, embora não perfeitamente. Acredito sue as imprecisões se devem ao método de análise. Correspondência diplomática é uma forma de ficção, embora não completamente desvinculada da realidade. Abaixo comentários que fiz para @helopait:

 @pait Será q v poderia dizer quais as incorreções?

 @helopait Ditadores árabes eram aliados soviéticos, não fantoches como Fidel. Anti-semitismo é uma arma de propaganda, não apenas militar.

 @helopait Parte sobre golpe comunista na Pérsia parece duvidosa, começando pela confusão entre nomes do ayatollahs Khomeini e Khamenei.

 @helopait Análise de Mubarak acertou na mosca. Mas não sei quanto Arafat controlou a intifada de 1988. Willy Brandt espião soviético, ok.

 @helopait Baroness Ashton 5a coluna, correto. Mas a história vai ser mais camarada com Gorbachev, com quem o autor tem uma pinimba.

 @helopait Bush 41 não era amigo de Israel. Mas a triangulação para desarmar Israel é fantasia em cima de comunicado diplomático.

 @helopait Grande acerto: primavera árabe é o segundo ato da queda do muro. Falta a China. Quem viver, verá.

 http://www.tabletmag.com/jewish-news-and-politics/103576/the-cold-wars-arab-spring