Proposta de flexibilização dos currículos

O grupo de trabalho discutindo flexibilização de currículos na Politécnica montou uma proposta cujas ideias principais podem ser visualizadas na figura ao lado. Essencialmente é a proposta defendida pelos estudantes. Ela respeita a cultura e a organização da Poli e da USP, e não fica muito distante das estruturas curriculares praticadas nas melhores universidade norte-americanas. Na minha opinião, a aprovação da proposta seria um ENORME AVANÇO para o ensino na Poli. Os pontos principais a favor dos alunos são o 9 cursos eletivos livres (em amarelo) e o módulo dentro da especialidade ou em uma especialidade diferente (em vermelho), bem como a limitação da carga horária em valores razoáveis.

Pelo que vale minha opinião, sugiro que os alunos se empenhem na aprovação da proposta. Ela é perfeitamente factível e conta com a simpatia de pessoas muito competentes e influentes na Poli, mas sem dúvida terá que enfrentar oposição da inércia e do conservadorismo. Se for implantada em uma reforma próxima a essa proposta, as gerações futuras de politécnicos serão muito gratas!

Butim dos correios

Selo para carta nacional de 30 gramas no Brasil: R$1,45.
Selo para carta nacional de 1 onça nos EUA: US$0.44.
Quantia que sobra para os políticos corruptos distribuírem: 69 centavos por carta.

Nas cartas internacionais, a porcentagem de esbulho é maior: custam R3,70 no Brasil contra US$0.79 nos Estados Unidos. Sobram R$2,33 por carta para serem disputados entre o PT e o PMDB.

Wikileaks

The US State Department doesn’t look too bad when you look at the wikileaks, does it? Most of the material seems to be what you expect they would be saying internally, which is not exactly what they say in public, but isn’t that far. I’d say the same for Israel – no surprises. The leaked cables do bring the question: how come there was no military action against the Persian nukes? Is the answer “Stuxnet”?

Other leaders do look bad – Berlusconi, Putin, the Gulf kings. No big surprises there either, what did we expect from them? The Red Crescent brought heavy weapons to Hezbollah, North Korea sold long range missiles to Persia… Dangerous games, who would have guessed?

With a bit of luck, this will be the end of the obsolete culture of diplomacy. Rituals from a time before the telegraph, affectations of a time before democracy, formalities that have no place in the contemporary world. The hypocrisy of diplomacy has never brought us closer to peace. A world in which diplomats talk the way other professionals, or even politicians, do after 1968 will be a safer world.

Flexibilização de currículos na Politécnica

Faço parte da comissão que está discutindo flexibilização dos currículos da Escola Politécnica da USP, dentro da assim-chamada EC3. Os trabalhos estão andando bem, mas receio que saia uma proposta pouco ambiciosa e cheia de detalhes que mais tarde possam levantar discussões pouco úteis para o objetivo de flexibilização. Para quem quiser ler, copio abaixo mensagem que enviei aos colegas da comissão. Não vou editar, mas o ponto importante é o 3.

Caros,

Achei que o texto reflete bem as discussões. Demorei para responder porque queria pensar um pouco mais antes de escrever minhas sugestões:

1 – Acho que seria melhor nem mencionar alguns pontos que fizeram parte dos trabalhos do grupo mas não estão diretamente relacionados com a flexibilização, e poderão desviar a atenção do assunto principal. Estou pensando nas entradas nas carreiras, opções no vestibular, regulamentação de estágio, duração do curso, e nas ênfases da elétrica por exemplo – pessoalmente estou de acordo com que o que foi escrito, mas pode levar a discussão nas instâncias seguintes para direções improdutivas.

2 – Como o texto descreve a diversidade dos assunto que abordamos, seria bom apresentar logo no início um “resumo executivo” bem curto das propostas que endossamos para flexibilização, de modo a focar a atenção de quem vier a ler sem ter participado do grupo.

3 – Agora vou dar uma opinião pessoal. Temos uma oportunidade que não se repetirá de fazermos uma proposta forte porém executável para integrar mais as diversas especialidades da Politécnica. Na minha opinião devemos recomendar que cada curso, carreira, grande área, e ênfase inclui em cada semestre a partir do 1o ao menos uma disciplina eletiva de livre escolha dentro da Poli, e a partir do 3 ano ao menos 2 eletivas livres por semestre. É uma medida simples de discutir, elaborar e executar; que não interfere na estrutura das carreiras e cursos individuais; que faz pleno uso de todos os recursos humanos que são os professores e estudantes; e que tem um potencial enorme para desengessar os currículos, facilitar uma inovação contínua, e dar aos estudantes a oportunidade de usufruírem do que a Poli tem a oferecer da maneira que for mais adequada para cada um.

Infelizmente tenho temor que se não apresentarmos uma proposta forte, factível, e expressada em 2 linhas de texto, há um grande risco que nosso trabalho venha a se perder em discussões sobre detalhes quando chegar o momento de expor a um grupo maior.

Gostaria de ver as opiniões do resto do grupo, e peço desculpas pela demora em fazer estes comentários. Agradeço a atenção!

Astonishing development

Again Teddy Roosevelt, in the beginning of chapter IV, The headwaters of the Paraguay:

It is at any rate certain that this inland region of Brazil, including the state of Matto Grosso, which we were traversing, is a healthy region, excellently adapted to settlement; railroads will speedily penetrate it, and then it will witness an astonishing development.

Took a while longer than he expected.

Conheça sua vizinhança – Vila Madalena

Caminhando para casa, passei na rua Ferreira Araújo, travessa da Natingui. Lá fica o Instituto Rosa Luxemburg Stiftung, uma fundação subvencionada pelo governo alemão e ligada ao antigo partido comunista da Alemanha Oriental, atualmente conhecido simplesmente como “a esquerda”. Uma casa comum, numa rua residencial, com uma pequena placa na entrada. Bom saber que a guerra fria acabou.

Tropicalismo científico?

Não entendi o tal “Manifesto da Ciência Tropical” do Miguel Nicolelis que está levantando poeira na web. São 15 pontos defendendo mais gastos do governo com ciência e tecnologia. Uns redundantes ou óbvios, outros pouco concretos, e alguns obscuros ou bem viajantes. Alguns mais outros menos relevantes, e de forma geral apontando na direção de maiores esforços em pesquisa e não do ensino, da tecnologia e não das humanidades. Como os recursos totais – o número de cientistas capazes de fazer trabalho de qualidade –  são em primeira aproximação constantes, cientistas que pesquisam mas não ensinam significa menos gente ensinando – e portanto um crescimento ainda mais lento no número de cientistas. Por outro lado, julgando pela quantidade de lixo que as faculdades de filosofia e ciências sociais mandam, as tais cidades marítimas e espaciais podem não ser tão absurdas.

Deve-se dar um desconto pela fonte onde apareceu, um tal de Viomundo. Aparentemente mais um daqueles blogs aparelhados com dinheiro meu e seu, consultores ilicitados da TV Brasil, da Petrobrás, e de outras estatais. Esses blogs empregam jornalistas que têm menos medo de arriscarem a reputação duramente conseguida do que de arriscarem a poupança nesses tempos incertos para a rentabilidade dos meios de comunicação tradicionais. No caso, um Sr Luiz Carlos Azenha, que consta na wikipedia uma vez ter perguntado, meio por acaso, se o Gorbachev viria ao Brasil.

Provavelmente, o cientista tem pensamentos mais organizados do que os que saíram no dito blog. Não deixa de ser curioso que tanta gente esteja linkando para um entrevista que diz quase nada.

Conhecimento produzido nas universidades não atinge diretamente professores do ensino básico

Surpresa surpreendente! Sem a pesquisa, pensaríamos que todas as professoras do primário acompanham atentamente nossas transactions, proceedings, e communications, sem falar nos doklady, uspekhi, e sbornik. A pesquisa apontou que “a maioria dos professores busca informações em revistas (23%) e livros didáticos (16%), seguidos da internet (14%) e jornais (10%)”. O pessoal ainda lê revista e jornal? Preocupante….

Me lembra o concerto “encontro de gerações” que a USP promoveu essa semana. Recebi um email sexta à noite, e liguei na terça de manhã depois do feriado. Parece que os ingressos já estavam esgotados, o convite tinha sido feito através de um ofício. Quem lê ofício, de qual geração é? Nem da minha, nem da mais nova. Podiam ter chamado de “encontro de geração”.

Innumeracy?

Deu na Folha hoje: segundo o IBGE, o PIB do estado de S Paulo cresceu .7% mais do que a média brasileira em 2008, mas a fração paulista do PIB brasileiro caiu .8%. Há 2 explicações: ou os articulistas da Folha estão exibindo as dificuldades aritméticas que lhes são peculiares, ou então o IBGE foi anexado pelos torturadores de números da Sealopra e abandonou a pretensão de produzir informações confiáveis. Uma das campanhas recentes da Sealopra tem mesmo sido a diminuição do status do estado de S Paulo nas estatísticas nacionais, com finalidades político-partidárias. Espero que não tenham contaminado o IBGE.

De madrugada teve chuva de meteoros, mas estava nublado. Agora de manhã o céu está azul. Então estou adiando ir para os feios prédios e tediosas reuniões da USP. Aqui na V Madalena está mais bonito. Infelizmente besteira tem também no computador.

Tiririca

Os promotores do ministério público que estão armando um circo anti-palhaço estão agredindo também vários princípios legais. O ministério público está colocando o ônus da prova de inocência no acusado; quer coagir o Tiririca a depor contra ele mesmo; e agora tenta abrir repetidos processos contra o deputado eleito, fazendo a mesma acusação várias vezes, após ele ter sido absolvido.

Mesmo para um analfabeto jurídico como o promotor Maurício Lopes, não seria difícil consultar os seguintes termos latinos na wikipedia: “in dubio pro reo”, “non bis in idem”, e “nemo tenetur se detegere”. Com a tecnologia moderna, não precisa ser bacharel em direito nem saber latim para deixar de ser canalha.

A campanha deles não é somente contra o Tiririca, nem apenas contra o milhão e meio de eleitores que sabiam muito bem em qual palhaço estavam votando. É uma campanha judicial contra as liberdades mais fundamentais do cidadão em um estado de direito.